jun 01, 2016
A Semana Mundial do Meio Ambiente, realizada este ano de 30 de maio a 5 de junho, é muito oportuna para refletirmos sobre as sábias palavras do Papa Francisco em sua Encíclica “Laudato Si”, de maio do ano passado, e em seu pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em setembro do mesmo ano. Em ambas, ele associa questão ambiental e problemática da pobreza.
“Não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”. O Papa assim se expressa nessa Encíclica e reafirma essa ideia na Assembleia da ONU, dizendo que no panorama mundial há amplos setores sem proteção, vítimas de um mau exercício do poder.
Para ele, “o ambiente natural e o vasto mundo de mulheres e homens excluídos sãos dois setores intimamente ligados entre si, que as relações políticas e econômicas preponderantes transformaram em partes frágeis da realidade”. Por isso, “é necessário afirmar vigorosamente os seus direitos”. Trata-se de consolidar a proteção do meio ambiente e pôr fim à exclusão.
Esse Papa adotou o nome de Francisco, em homenagem a Francisco de Assis, santo que se identificou em tudo com Jesus Cristo, particularmente por seu desprendimento à riqueza e por sua afeição aos pobres. Este Santo do Cântico das Criaturas e o Papa se tornaram inseparáveis, por sua dedicação à defesa da natureza e à justiça para com os pobres. Essa postura encorajou a Igreja no Brasil a realizar a Campanha da Fraternidade deste ano com enfoque socioambiental.
A problemática do saneamento básico, abordada nessa Campanha com cunho ecumênico, está associada à problemática da pobreza, enfoque esse justificado pela Relatora Especial das Nações Unidas sobre o direito à água potável e saneamento, Catarina de Albuquerque, ao declarar no ano passado que “aqueles que não têm acesso a saneamento adequado são esmagadoramente as pessoas que vivem na pobreza, e os indivíduos e grupos marginalizados e excluídos”.
“Casa comum, nossa responsabilidade”. Este tema da Campanha da Fraternidade a ser sempre relembrado, chama a atenção sobre a responsabilidade de todos nos destinos de nosso planeta e da humanidade. Todos devemos “colaborar, como instrumentos de Deus, no cuidado da criação, cada um a partir da sua cultura, experiência, iniciativas e capacidades”, diz o Papa na Encíclica “Laudato Si”, ressaltando a responsabilidade educativa sobretudo para com as novas gerações.
“Os jovens têm uma nova sensibilidade ecológica e um espírito generoso, e alguns deles lutam admiravelmente pela defesa do meio ambiente, mas cresceram num contexto de altíssimo consumo e bem-estar que torna difícil a maturação de outros hábitos. Por isso, diz o Papa, “estamos perante um desafio educativo”.
Que a Semana Mundial do Meio Ambiente seja, portanto, muito educativa para todos os cidadãos e cidadãs, especialmente novas gerações, entidades da sociedade civil, empresas e distintas instâncias do poder público. Nosso planeta é nossa casa comum. Que cada um faça a sua parte pelo bem de todos, pois o destino da humanidade depende de nossa corresponsabilidade!
Por Dom Reginaldo Andrietta – Bispo de Jales
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