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segunda-feira, 18 de abril de 2011

O meu ônibus não passou...

      Segunda-feira, dia de ir para a faculdade. No coração, uma certa tristeza... Por que? Porque eu só penso em mim mesmo, na minha vontade. Se não for da minha vontade então é ruim... sou egoísta, egocêntrico...
      Estava indo para a parada. Na cabeça, muitas preocupações, uma certa desconfiança em relação as pessoas, fatos e até mesmo de Deus! Um contra-testemunho. Um cristão que confia pouco em Deus...
      Coração preso nas preocupações, nos desejos, nas vontades... no "me valorizar e não me preocupar com os outros", na tibieza, na frieza para com os irmãos... 
      Enfim, cheguei na parada. Espera... Demora... Passa o tempo... momento para reflexão...
      Trabalhadores e estudantes. Tinha lido um dado que me deixou triste: mais de 400 milhões de abortos na China durante a política de um só filho, no controle do Estado no nascimento das pessoas deste país. Vou repetir: 400 MILHÕES DE PESSOAS. Seriam futuros engenheiros, médicos, dentistas, pais, mães... fiquei muito triste!
      Imaginei a tristeza de Deus... Eu, que não conhecia ninguém, não era parente de ninguém, pessoas do outro lado do planeta, as quais eu não tinha ligação direta nenhuma... O holocausto nazista matou 6 milhões de pessoas? Pois é, o governo abortista chinês matou a vida de 400 milhões de bebês, seres inocentes, sem o direito de "pegar em armas", reclamar por seus direitos, de se defender...
      400 milhões de pessoas constituem uma nova nação bem populosa. É quase metade dos chineses hoje viventes. 400 milhões de pessoas que morreram por causa de nosso egoísmo, do egoísmo neomathusiano, eugênico... cito os chineses porque este dado é muito relevante, muito expressivo. Todos sabemos, porém, da prática em todos os recantos do planeta.
      Trabalhadores e estudantes. Carros passam. Bicicletas, motos, motonetas, caminhões, tratores, transeuntes, enfim, o mundo em um cruzamento perto da parada. Brasilienses, candangos, visitantes e turistas. 
      Uns felizes, alegres. Outros relativamente bem. Outros tristes, chateados, bravos, nervosos. Gente com as características fisionômicas das mais diversas. E principalmente: TODOS AMADOS POR DEUS!
      Todos foram sonhados por Deus! Deus vê cada um "por igual", aquele que tem carro e o mendigo. O malabarista de fogo e o motorista, o que dá e o que não da a moedinha. 
      Algumas mulheres olharam para mim. Alguns homens olharam pra mim. Eu faço parte da existência. Eu faço parte, modifico e sou modificado pela sociedade. Amo e sou amado. Sou ativo e passivo, ajo e recebo ação de alguém. 
      Um dia comum, porém especial, pois foi um "presente". Deus deu a oportunidade de eu poder passar mais este dia. Obrigado por este dia, Senhor!
      Apesar de estar atrasado para a faculdade, eu estava me sentindo melhor, porque via pessoas, interagia com todos mesmo sem dizer uma palavra, mesmo sem querer interagir e mesmo prestar atenção nas coisas, mas interagia. Se eu não estivesse ali naquele momento, parado numa parada de ônibus, as pessoas ao meu redor não conseguiriam fazer coisas, pensar coisas, vivenciar coisas das mais diversas. Se eu não tivesse refletindo na parada, não estaria digitando este texto.
      Alguém me pediu informação de algo. Eu dei. Depois, encontrei um amigo conhecido, bem conhecido. Refletimos da rapidez da vida, ele disse que tinha me carregado no colo quando eu era pequeno, criancinha. Eu falei sobre meu irmão, comparamos idades, ele pegou um ônibus. Ele tinha dito: e aê rapaz, tudo bom Renilton?! Nós interagimos. Sentimentos recíprocos de respeito e atenção um para com o outro. 
      Depois mais, perguntei a hora para um quase "senhor", uma pessoa de meia-idade. Ele disse: 19:25 hrs. Conversamos sobre como demora os ônibus. Ele foi prestativo e compadecido da minha situação de estar esperando por um coletivo aproximadamente uma hora e meia. 
      No final, às 20:00, me despedi dele. Disse: - Então tá, deixa eu ir então, já que o ônibus não passa... boa sorte, fica com Deus! Ele me respondeu: - Beleza então meu jovem, uma boa noite meu jovem. Obrigado meu jovem!
      Acreditei na vida. Vi minha importância neste mundo. Me senti bem. Me senti valorizado!
      Fui pra casa edificado, não fiquei tão chateado porque meu ônibus não passou. Fiz um papel social. Não econômico, não disse frases que marcam décadas, séculos. Vivi minha vida linda. Vi a mudança e os nuances da natureza, do meio-ambiente que eu vivo. Voltei feliz para casa, realizado simplesmente por viver, na paz do Senhor!



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